Boa noite, meus queridos! Espero que tudo esteja bem com vocês.
A nossa atividade consiste num simulado para testar os nossos conhecimentos.
Bons estudos ,
Um abraço para cada um de vocês!
Em caso de dúvida estamos aqui.
QUESTÃO 1
“A filosofia vai surgir ligada a esses dois tipos de palavras, isto é, à alétheia e à dóxa. Essa ligação é diferenciada, ou seja, não será sempre a mesma nos diferentes períodos da filosofia grega. Assim, na fase inicial, os filósofos procuravam falar nos dois campos: falam como poetas e adivinhos, isto é, no campo da palavra-verdade, e falam como chefes políticos, isto é, no campo da palavra persuasão. A seguir, com os filósofos Pitágoras de Samos e Parmênides de Eléia, afastam a dóxa e fortalecem apenas a alétheia. No entanto, a partir do desenvolvimento da democracia, sobretudo em Atenas, um grupo de filósofos novos, os sofistas, afastam a alétheia e fortalecem exclusivamente a dóxa. Finalmente, com Sócrates e Platão, será feito um esforço gigantesco (decisivo para todo pensamento ocidental) para colocar a alétheia no lugar da dóxa. Será o momento em que a filosofia, em vez de ocupar-se com a origem do mundo e as causas de suas transformações, se interessará exclusivamente pelos homens, pela vida social e política”
(CHAUÍ, M. Introdução à História da Filosofia – Dos pré-socráticos a Aristóteles. Volume I. 1ª ed. – São Paulo: Brasiliense, 1994).
Com base no texto, e em seus conhecimentos sobre o tema, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) e, em seguida, assinale a alternativa correta.
( ) Essas observações sobre a alétheia e a dóxa nos ajudam a compreender por que a filosofia nascente, embora sendo uma cosmologia (isto é, uma explicação racional sobre a origem do mundo e as causas de suas transformações), emprega um vocabulário político e humano para referir-se o cosmos. É que a linguagem disponível para a filosofia é a linguagem da pólis e esta é projetada na explicação da natureza ou do universo.
( ) A palavra dóxa deriva do verbo dokéo, que significa: 1) tomar o partido que se julga o mais adaptado a uma situação; 2) conformar-se a uma norma; 3) escolher e decidir. A dóxa pertence ao vocabulário político da decisão, deliberação e opinião.
( ) Exercício do pensamento e da linguagem, a filosofia nascente não irá diferenciar-se da palavra dos guerreiros e dos políticos, pois não possui uma pretensão específica, deseja apenas argumentar e persuadir.
( ) No pensamento mítico e na organização sócio-política que antecede o surgimento da pólis, a alétheia possui uma relação intrínseca com os procedimentos oraculares e divinatótios: é a lembrança do que foi contemplado no oráculo e ouvido, ali, dos deuses, que é a verdade, alétheia.
A) F – V – F – V.
B) V – F – V – F.
C) V – V – F – V.
D) V – V – F – F.
E) V – F – F – V.
QUESTÃO 2
“Difícil caracterizar o estilo de Sócrates. Os próprios antigos lhe forjaram uma palavra sob medida, eirôn
(de onde vem a palavra ironia), que deixa o tradutor moderno tão perplexo quanto o etimologista antigo.
Traduzamos, para simplificar, por ‘aquele que se pretende ignorante’, que ‘diz menos do que parece pensar’; portanto, ‘finório’, se tomarmos pelo lado pior, como Aristófanes, ou ‘reservado’, se seguirmos Platão e Aristóteles. Mas também ‘ingênuo’, se admitirmos sem discussão o que ele diz de si mesmo, ou ‘dissimulado’, se não acreditarmos nisso”
(WOLF, F. Sócrates – O sorriso da razão. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987).
Analise as alternativas e assinale a INCORRETA.
A) A ironia é escárnio e sarcasmo. Marcas de um método destrutivo, a ironia socrática é conhecida pelo nome de maiêutica: “dar à luz” novas ideias. Verdadeiramente vaidosa, essa atitude filosófica em Sócrates não pode ser separada da franca hipocrisia, como atesta, seu emblemático “só sei que nada sei”.
B) A ironia é distanciamento. Para poder filosofar, para colocar entre si e o mundo a barreira profilática do questionamento e da reflexão, é preciso reconhecer que a cada conhecimento obtido, uma nova ignorância se abre diante de nós. O conhecimento não é um estado, mas um processo, uma busca, uma procura pela verdade.
C) Ironia: verdade e fingimento, ao mesmo tempo. Nem hipócrita, nem verdadeiramente franca, diz a verdade parecendo dizer o seu contrário. Realmente Sócrates diz a verdade: ele nada sabe, pois só ele sabe que, às questões que ele põe, não há nenhum saber constituído que possa responder. A ironia é refutação, com a finalidade de romper a solidez aparente dos preconceitos.
D) Ironia é zombaria: o diálogo socrático vai justamente dissolver o saber irrefletido de seu interlocutor e reduzir a nada suas pretensões normativas. Curiosa inversão irônica: o “eu nada sei” (daquilo que acreditas que sei), mas tu sabes (o que tu não pensas que sabes)” se duplica num “tu nada sabes” (daquilo que acreditas saber).
E) Ironia é espantar-se com o que já não espanta. Os momentos fugidios, roubados pela ironia à seriedade das coisas e à aderência da existência, são momentos preciosos: são momentos de consciência.
QUESTÃO 3
De acordo com muitos interpretes, Sócrates (470-399 a.C.) é considerado o primeiro filósofo da ética. Qual das alternativas abaixo NÃO caracteriza corretamente seu pensamento.
A) Sócrates transporta a antiga especulação racional para o terreno ateniense da moralidade, tentando superar a crise dos valores de Atenas para dar novamente à sua moral um fundamento sólido porque pessoal (não-Estatal) e racional (não-religioso).
B) De física, nossa interpretação torna-se moral, de meditação solitária, torna-se diálogo. Assim, Sócrates, filósofo urbano, vai onde estão os atenienses: nos banquetes, no ginásio, sobretudo na ágora, coração da cidade e centro de encontros.
C) Com Sócrates a moral se torna uma questão de Estado. Vivendo o apogeu da cidade de Atenas, em pleno século
V a.C., Sócrates faz de Atenas a “civilização do discurso político”, lugar onde todo projeto, toda decisão importante, passa pela discussão pública em comum.
D) Para a moral grega – que era outrora uma questão de crenças, que fazia parte das coisas indiscutíveis –, Sócrates busca um fundamento mais estável do que os costumes relativos e as normas efêmeras: um fundamento racional, baseado na interrogação e discussão individual.
E) Sócrates domina a arte sutil do diálogo, a dialética, jogo de espírito e de finura, feito de fintas e de esquivas, torneio de argumentadores pleno de subentendidos e de alusões. Nesse terreno, o da interrogação moral, interessa a Sócrates apenas isto: o que os homens dizem acerca do que fazem e como justificam o que querem.
QUESTÃO 4
“*...+ Todos correram ao encontro de seus grilhões, crendo assegurar sua liberdade [...] Tal foi ou deveu ser a origem da sociedade e das leis, que deram novos entraves ao fraco e novas forças ao rico, destruíram irremediavelmente a vontade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade, fizeram de uma usurpação sagaz, um direito irrevogável e, para proveito de alguns ambiciosos, sujeitaram doravante todo o gênero humano, à servidão e à miséria”.
(ROUSSEAU, J. - J. Discurso sobre a origem da desigualdade. In: WEFFORT, F. C. Os Clássicos da Política. São Paulo: Editora Ática: 1989-pg. 195).
Todas as alternativas abaixo caracterizam o pensamento de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), EXCETO uma. Assinale-a.
A) Rousseau parece demonstrar extrema nostalgia do estado feliz em que vive o bom selvagem, quando é introduzida a desigualdade entre os homens, a diferenciação entre rico e pobre, o poderoso e o fraco e a predominância da lei do mais forte.
B) O soberano é, para Rousseau, um representante eleito pelo povo que expressa a vontade geral. A democracia rousseauísta considera que é esse representante do povo que ratifica as leis, sendo a obediência às leis que caracteriza a liberdade.
C) Para Rousseau, o contrato social, para ser legítimo, deve se originar do consentimento necessariamente unânime. Pelo pacto, o homem abdica de sua liberdade, mas sendo ele próprio parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei obedece a si mesmo e, portanto, é livre.
D) Para Rousseau, a soberania do povo, manifesta pelo legislativo é inalienável, ou seja, não pode ser representada.
A democracia rousseauísta considera que toda lei não ratificada pelo povo em pessoa é nula.
E) Rousseau preconiza a democracia direta e participativa, mantida por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos. O mesmo homem enquanto faz a lei é um cidadão e, enquanto a obedece e se submete, é um súdito.
QUESTÃO 5
A partir da leitura do texto abaixo, considere o conceito de poder no domínio da política, assinalando a resposta INCORRETA.
“Com a influência da nova classe burguesa no panorama político, passa-se a defender a separação entre o público e o privado. Enquanto na Idade Média o poder político pertencia ao senhor feudal, dono de terras, e era transmitido aos filhos como herança juntamente com seus bens, com as revoluções burguesas as esferas do público e do privado se dissociam e o poder não é mais herdado, mas conquistado pelo voto”.
(ARANHA, M.L./ MARTINS, M. H. P. Filosofando – Introdução à Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1993.)
A) Isto é possível pela institucionalização do poder, que se dá quando aquele que o detém não mais se acha identificado com ele, sendo apenas o depositário da soberania popular.
B) O poder se torna um poder de direito, e sua legitimidade repousa não no uso da violência, nem no privilégio, mas no mandato popular.
C) Não havendo privilégios, todos são iguais e têm os mesmos direitos e deveres. O súdito transforma-se em cidadão, já que participa ativamente da comunidade cívica.
D) Isto é possível porque o liberalismo burguês se mostrou eficiente na aplicação do ideal democrático, ao relacionar diretamente poder e propriedade. O poder torna-se legítimo quando emana do trabalho e, consequentemente, da propriedade adquirida.
E) Sob o impacto do século das luzes, expande-se a defesa do constitucionalismo, entendido como a teoria e a prático dos limites do poder exercido pelo direito e pelas leis. Em outras palavras, para que não se possa abusar do poder, é preciso que o poder freie o poder.
QUESTÃO 6
Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta a(s) correta(s). Em seu livro História da Filosofia, Hegel (1770-1831) declara que a filosofia moderna pode ser considerada o nascimento da filosofia propriamente dita, porque nela, segundo Hegel, pela primeira vez, os filósofos afirmam que
I. A filosofia é independente e não se submete a nenhuma autoridade que não seja a própria razão como faculdade plena de conhecimento. Isto é, os modernos são os primeiros a demonstrar que o conhecimento verdadeiro só pode nascer do trabalho interior realizado pela razão, graças a seu próprio esforço. Só a razão conhece e somente ela pode julgar a si mesma.
II. A filosofia moderna realiza a primeira descoberta da subjetividade propriamente dita porque nela o primeiro ato do conhecimento, do qual dependerão todos os outros, é a reflexão e consciência de si reflexiva.
III. A filosofia moderna é a primeira a reconhecer que, sendo todos os seres humanos seres conscientes e racionais, todos têm igualmente o direito ao pensamento e a verdade. Segundo Hegel, essa afirmação do direito ao pensamento, unida à ideia da recusa de toda censura sobre o pensamento e palavra, seria a realização filosófica do princípio da individualidade como subjetividade livre que se relaciona livremente com a verdade.
IV. A filosofia moderna está tão intimamente vinculada aos fundamentos da práxis humana que a ação não pode ser ignorada na determinação de seus critérios filosóficos. Para Hegel, os modernos foram os primeiros a entender que esta prática, no entanto, não deve ser considerada apenas no sentido restrito da conduta pessoal, mas na acepção mais abrangente de experiência humana em seus vários aspectos, desde histórico até o nível psicológico.
A) Apenas I, III e IV.
B) Apenas I, II e III.
C) Apenas I.
D) Apenas II, III e IV.
E) Apenas IV
QUESTÃO 7
O fragmento de texto, logo abaixo, é de Friedrich Nietzsche (1844-1900). Analise-o, tendo como referência seus conhecimentos sobre o tema, e julgue as assertivas que o seguem, apontando a(s) correta(s).
“Todo filosofar moderno está política e policialmente limitado à aparência erudita, por governos, igrejas, academias, costumes, modas, covardias dos homens: ele permanece no suspiro: ‘mas se... ’ ou no reconhecimento: ‘era uma vez... ’ A filosofia não tem direitos; por isso, o homem moderno, se pelo menos fosse corajoso e consciencioso, teria de repudiá-la e bani-la. Mas a ela poderia restar uma réplica e dizer:
‘Povo miserável! É culpa minha se em vosso meio vagueio como uma cigana pelos campos e tenho de me esconder e disfarçar, como se eu fosse a pecadora e vós, meus juízes? Vede minha irmã, a arte! Ela está como eu: caímos entre bárbaros e não sabemos mais nos salvar.”
(NIETZSCHE, F. A Filosofia na época trágica dos gregos. – aforismo 3. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 32 (Col. Os Pensadores).
I. Nietzsche critica a filosofia de sua época, afirmando que ela afastou-se da vida, refugiando-se num universo de abstração e deduções lógicas, criando falsos dualismos, como o de corpo e alma, mundo e Deus, mundo aparente e mundo verdadeiro.
II. Em Sócrates, Nietzsche encontra o ideal de humanismo que irá definir sua filosofia como “estética de si”. O par conceitual, dionisíaco (Dionísio é o Deus da embriaguez da música e do caos) e apolíneo (Apolo é o Deus da luz, da forma, da harmonia e da ordem), mostra a herança socrática. Da luta e do equilíbrio final desses dois elementos opostos, surge o pensamente nietzschiano como saber da vida e da morte, como expressão do enigma da existência.
III. Kant e sua moral são alvos do “filosofar com o martelo” nietzschiano: o “imperativo categórico”, isto é, a lei universal que deve guiar as ações humanas, é para Nietzsche uma ficção que provém do domínio da razão sobre os instintos humanos, sendo a lei de um homem descarnado e cristianizado.
IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra de Nietzsche. Indica-nos as relações de força que se desenrolam em todo acontecer, assinalando seu método histórico. Assim, Nietzsche pensa o tempo de acordo com uma concepção própria, um tempo não-linear, que se desenvolve em ciclos que se repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro conceito-chave de sua obra.
A) Apenas IV.
B) Apenas II e III.
C) Apenas II, III e IV.
D) Apenas I, II e IV.
E) Apenas I, III e IV.
QUESTÃO 8
“A modernidade pós-kantiana procura ‘dialetizar’ a certeza moral. Procurou-se contextualizar a realização moral no momento dialético do progresso da humanidade. Procurou-se encontrar uma medida para avaliar os diferentes graus de realização moral ao alcance do homem. Reconheceu-se que a civilização melhorou a qualidade moral do homem, cujos instintos animalescos foram sendo progressivamente domesticados. Os principais representantes desse modelo relativista são os alemães Karl Marx e Sigmund Freud”.
(CUNHA, J. A. Filosofia – Iniciação à investigação filosófica. São Paulo: Atual, 1992).
Caracterize, a partir da leitura do texto acima, a concepção filosófica da ética contemporânea, assinalando a resposta correta.
A) Parece mesmo que a civilização ocidental, ao tentar manter equidistância entre os dois princípios de transcendência que inspiraram suas primeiras conquistas culturais – o princípio de transcendência moral e o princípio de transcendência estética –, viu-se compelida a sustentar a própria ideia de crise como ideal civilizatório unificador. Por traz dessa ideia, está o homem concreto da ação moral, os valores da vida e a valorização do corpo e das paixões.
B) A consciência, crescente nas décadas que se sucederam a Segunda Guerra Mundial, de que o “princípio da realidade” ou o “movimento dialético da história”, libertaram o homem da necessidade de realização moral, é a base de sustentação da ética contemporânea. A busca da felicidade não passa pela moral, mas sim pela realização econômico-social de caráter individualizante.
C) A moralidade, sob a ótica contemporânea, figura no campo das compensações: ela retira o comportamento humano da determinação da realidade e o coloca sob orientação do princípio de prazer. A ética constitui, nesses termos, um conjunto preceitos que orientam os homens na busca pela satisfação responsável e consciente de seus apetites e desejos.
D) O principal paradigma da moralidade, hoje, possui critérios de valoração regidos pelo seguinte princípio determinante: ou tudo ou nada. Ou o agente moral é obediente, e está moralmente justificado, ou é desobediente e está em falta. Nesses termos, qualquer falta põe em evidência a condição de que tal agente não é bom, pois não é absolutamente bom.
E) Combater as superstições e o arbítrio de poder, defender o pluralismo e a tolerância das ideias, eis o paradigma da moralidade contemporânea. Com efeito, a tradição religiosa não lhe basta, os ideais morais devem ser filiados à moralidade de uma classe social, buscando o máximo de universalidade e socialização. A validade das normas deve estar filiada ao ideal universal de bem, sendo que a virtude resulta do trabalho reflexivo, isto é, do controle racional dos desejos e paixões.
QUESTÃO 9
Qual o postulado básico da fenomenologia?
A) A fenomenologia afirma que o conhecimento não passa de uma interpretação da realidade, isto é, de uma atribuição de sentidos determinada por uma escala ontológica de valores, constituindo-se, portanto, numa metafísica dos costumes.
B) Em nome da verdade subjetiva, a fenomenologia recusa o projeto da filosofia moderna, recusando o pensamento analítico. Seu postulado básico afirma que o real deixa de ser racional.
C) A fenomenologia procede por decomposição, enumeração e categorização dos objetos, fragmentando-os. Seu postulado básico é estabelecer a dicotomia entre razão e experiência.
D) A fenomenologia pretende realizar a superação da dicotomia razão-experiência no processo do conhecimento, afirmando que toda consciência é intencional, ou seja, o objeto só existe para um sujeito que lhe dá significado.
E) O postulado básico da fenomenologia é a metafísica fenomenológica, isto é, voltada para o reconhecimento do ser-em si dos fenômenos, portanto, vinculada a uma noção de ser abstrata e a uma consciência transcendental.
QUESTÃO 10
Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.
I. Hoje, a arte já pode ser pensada dentro de uma teoria da linguagem. Portanto, não se trata mais de pensar a filosofia da arte, visando alcançar uma ideia de arte, mas de analisar uma teoria da arte, isto é, um conceito de arte.
II. Hoje, tanto o criador quanto o receptor – artista e intérprete de textos estéticos – devem ser “iniciados” nos códigos e técnicas utilizadas pelo jogo de produção artística. Por isso é que se diz que a arte contemporânea é uma arte “para iniciados”.
III. A obra de arte, hoje, permanece falando sobre os símbolos da experiência vivida do homem, expressando a ligação imediata entre a consciência humana e a transcendência. O fio condutor dessa experiência estética é o “vivido coletivo”, isto é, aquela encantação que nos põe em contato com o ponto mais elevado da nossa compreensão do sentido da vida e da morte.
IV. A construção artística, hoje, pode ser discutida e analisada em termos de uma teoria dos signos ou de uma teoria do discurso. Neste caso, um objeto pode ser considerado artístico quando é portador de um “discurso de arte”.
A) Apenas I e III.
B) Apenas II e III.
C) Apenas I, II e IV.
D) Apenas II, III e IV.
E) Apenas I e II.
QUESTÃO 11
Em seu ensaio Desumanização da arte, onde estuda as mudanças profundas que a arte experimenta em nossos dias, Ortega y Gasset propõe este paradoxo: a arte atual é aquela que não existe. Com essa frase contundente, mas que é mais que um simples jogo de palavras, o pensador espanhol chama a atenção para o fato de que as manifestações artísticas contemporâneas estão desligadas do passado”.
(NUNES, B. Introdução à filosofia da arte. 5 ed. São Paulo: Ática, 2002.)
Qual das alternativas abaixo NÃO caracteriza o paradoxo acima enunciado?
A) Cortadas as ligações com o passado, a arte só de sua atualidade dispõe. É como se ela estivesse sempre nascendo, para viver, repetidas vezes, o instante precário e tumultuoso da gestação.
B) O pensador espanhol observa que o esforço artístico em nossos dias se processa em ritmo de laboratório, de trabalho experimental, o que explicaria o fato de que hoje “se produza mais teorias e programas do que obras”.
C) O paradoxo de Ortega aponta o sinal inequívoco da emancipação da obra de arte de seus condicionamentos morais e religiosos. A falta de um estilo orgânico é, então, compensada pela possibilidade, hoje tornada concreta, num grau jamais alcançado em anteriores períodos da história, de fruição puramente estética da obra de arte.
D) O paradoxo acima enuncia: teremos que, defrontando-nos com as manifestações artísticas atuais, aceitar a contingência de buscar nelas mesmas as categorias que reclamam, tão profundas e radicais foram as transformações causadas pela revolução industrial – que não modificou apenas o estado das relações sociais, afetando, igualmente, nossa experiência e nosso senso de realidade.
E) O paradoxo de Ortega enuncia: o que se produz hoje não pode ser chamado de arte, mas sim de abstração.
“Abstração é desumanização”, portanto, não podemos atribuir-lhe o nome de arte. Ao eliminar a presença do homem, essa estética exigente transformou a expressão dos sentimentos em expressão plástica, afastando-a do grande público.
QUESTÃO 12
Assinale a alternativa correta. Para David Hume (1711-1776),
A) a alma é como uma tábula rasa (uma tábua onde não há inscrições), ou seja, o conhecimento só começa depois da experiência sensível.
B) o que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que pode ser alcançado pela experiência é o hábito criado através da observação de casos semelhantes.
C) “saber é poder”, ou seja, o conhecimento não é contemplativo e desinteressado, mas sim um saber instrumental, direcionado para a utilidade da ciência para a vida.
D) as ideias claras e distintas são ideias inatas, não derivam do particular, mas já se encontram no espírito. Por isso, não estão sujeitas ao erro, pois vêm da razão, isto é, são independentes das ideias que vêm “de fora”, formadas pela ação dos sentidos.
E) o positivismo corresponde à maturidade do espírito humano. O reino da ciência é o reino da necessidade. No mundo da necessidade, não há lugar para a liberdade.
QUESTÃO 13
“Até o século XIX o desenvolvimento da ciência tinha sido tão grande que o homem estava convencido da excelência do método científico para conhecer a realidade. (...) Esse otimismo era generalizado, exaltando a capacidade de transformação humana em direção a um mundo melhor./ No entanto, ainda no século XIX, algumas descobertas golpearam rudemente as concepções clássicas, originando o que se pode chamar de crise da ciência moderna”. (ARANHA, M.L./ MARTINS, M. H. P. Filosofando – Introdução à Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1993.).
A quais descobertas o texto acima se refere? Assinale a alternativa correta.
A) São elas: as geometrias não-euclidianas e a física não-newtoniana.
B) São elas: a geometria euclidiana e a física newtoniana.
C) São elas: o positivismo de Comte e o evolucionismo de Spencer.
D) São elas: o mecanicismo de Laplace e o determinismo de Comte.
E) São elas: o geocentrismo de Galileu e o heliocentrismo de Copérnico.
QUESTÃO 14
Consideremos o campo da epistemologia contemporânea; sob esse aspecto, podemos afirmar que a posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em relação à ciência, se contrapôs à concepção científica de Karl Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa correta.
A) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao negar que o desenvolvimento da ciência se dê mediante o ideal de refutação. Ao contrário, Kuhn afirma que a ciência progride pela tradição intelectual representada pelo paradigma, que é a visão de mundo expressa numa teoria.
B) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de Popper ao desenvolver sua concepção de paradigma científico.
Para ambos, o que garante a verdade de um discurso científico é sua condição de justificação, ou seja, quando uma teoria é justificada ela é corroborada.
C) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como paradigma, deve ser desenvolvida em vez de criticada, motivo pelo qual ele não poderia opor-se ao pensamento de Popper. Sua tentativa será outra: tentar harmonizar aqueles pontos de vista que divergem do seu.
D) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo, classificando-se como anarquista epistemológico. Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção metodológica de Popper como também de outros contemporâneos seus, como Lakatos, por exemplo. Diferentemente de Popper, Kuhn anuncia que as teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis.
E) Sim, diferentemente de Popper, para quem a física newtoniana era considerada a imagem verdadeira do mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e o determinismo, Kuhn estabelece como paradigma de sua concepção de ciência o irracionalismo de Heisenberg e seu princípio da incerteza.
QUESTÃO 15
Qual dos argumentos abaixo caracteriza corretamente a relação conceitual entre existencialismo e liberdade, no pensamento de Jean-Paul Sartre (1905-1980)?
A) O existencialismo de Sartre defende o individualismo, isto é, cada um deve preocupar-se exclusivamente com a própria liberdade e ação.
B) O existencialismo de Sartre afirma que se o homem é livre, consequentemente não é responsável por aquilo que faz.
C) O existencialismo de Sartre afirma que “disciplina é liberdade”. O homem livre é aquele que recusa o individualismo para viver o conformismo e a respeitabilidade da tradição.
D) Sartre afirma que o homem nada mais é do que “seu projeto”, não havendo essência ou modelo para lhe orientar o caminho; está, portanto, irremediavelmente condenado a ser livre.
E) Sartre afirma que a liberdade só possui significado no pensamento, na capacidade que o homem tem de refletir acerca de sua existência, buscando definir a natureza e a essência humana.
GABARITO
1.
C
6.
B
11.
E
2.
A
7.
E
12.
B
3.
C
8.
A
13.
A
4.
B
9.
D
14.
A
5.
D
10.
C
15.
D
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