Boa Noite pessoal, mais uma atividade sobre desta vez sobre Maquiavél,
no final faça um breve resumo.
bons estudos!
Em plena aula de filosofia, onde o tema era Maquiavel, um aluno levanta-
se e diz:
- Professora, vou me retirar da sala, pois, recuso-me assistir a esta
aula sobre um sujeito que parece o demônio. Já ouvi diversas vezes que
quando alguém faz mal a outra pessoa é chamado de maquiavélica e que
a gente pode fazer tudo aquilo que quiser, o que vale é a intenção. Eu não
concordo com nada disso.
Diante desta atitude do aluno, a professora diz:
-É importante que você fique, pois me parece que precisamos estudar
melhor este pensador para daí podermos tirar algumas conclusões.
Maquiavel é conhecido por sua afirmação ‘os fins justificam os meios’.
Essa afirmação é realmente de Maquiavel? Ou apenas uma interpretação
que fizeram dele? Será que para atingir determinado fim, devemos lançar
mão de todos os meios possíveis? Na política, por exemplo, quais meios
devem ser utilizados para um político chegar ao poder? Quais meios são
considerados válidos?
Maquiavel e o Poder
Nascido em Florença, Itália, Maquiavel foi um dos grandes responsáveis
pela noção moderna de poder. Em Maquiavel também encontramos
uma renovação do sentido e da relação entre ética e política. Desta
forma, muito folclore se construiu em torno de seu nome e de sua
pessoa, principalmente pela interpretação precipitada que se fez muitas
vezes de seu pensamento. Conforme o texto de RUSSELL: “é costume
sentir-se a gente chocada por ele, e não há dúvida de que, às vezes,
êle é realmente chocante. Mas muitos outros homens também o
seriam, se fôssem igualmente livres de hipocrisia” (RUSSELL, 1967, p. 20). Maquiavel
foi compreendido como alguém imoral e desprovido de quaisquer
valores. Por isso a perspectiva do termo “maquiavélico” é sempre
pejorativa. Mas, seria Maquiavel digno desta fama? O que ele pretendia?
Vamos por partes.
Maquiavel choca por fazer uma análise do homem considerandoo
a partir de uma de suas facetas, a do egoísmo. Se para Aristóteles e
para o pensamento greco-cristão no geral o homem buscava a vida em
sociedade, o bem viver como algo natural, para Maquiavel “os homens
tendem /.../ à divisão e à desunião.” (PINZANI, 2004, p. 19)
Maquiavel era um homem do seu tempo, do Renascimento. Homem
de idéias políticas, ele procurou entender a natureza e os limites do poder
político. Maquiavel contemplou uma realidade; a realidade da sua
Itália, dividida, fragmentada em diversos principados e ducados. Numa
constante briga pelo poder e, inevitavelmente alternâncias constantes
dos governantes, a Florença de Maquiavel refletia o que ocorria também
com as demais cidades italianas importantes do período. Para ele
não se apresentava logicamente o ideal cristão, mas sim algo que lhe
seria entendido como próprio do homem, a luta pelo poder. Por isso,
os homens mentiam, matavam e julgavam-se acima da moral.
Contudo, Maquiavel considera a necessidade de governantes bons
e virtuosos. Para ele a diferença está em que a bondade e a virtude
não pertencem à natureza humana do governante, mas sim resultam
da sua compreensão e atuação sobre o real. Sem preocupar-se em desenvolver
teorias, como fizeram outros pensadores, Maquiavel avalia
a realidade e “interpreta os seus escritos como compêndios de conselhos
práticos e de instruções para a ação.” (PINZANI, 2004, p. 16) Por isso, “influenciar
a realidade, e não desenvolver teorias é o seu propósito.” (PINZANI,
2004, p. 16)
Ao contrário dos manuais que indicavam como devia agir um soberano,
obras comuns na idade Média e no Renascimento, o verdadeiro
propósito de sua obra O Príncipe é a exortação para se tomar a Itália e
libertá-la das mãos dos bárbaros, como pode ser constatado no capítulo
final da mesma
A Política em Maquiavel
Maquiavel e o Poder
Nascido em Florença, Itália, Maquiavel foi um dos grandes responsáveis
pela noção moderna de poder. Em Maquiavel também encontramos
uma renovação do sentido e da relação entre ética e política. Desta
forma, muito folclore se construiu em torno de seu nome e de sua
pessoa, principalmente pela interpretação precipitada que se fez muitas
vezes de seu pensamento. Conforme o texto de RUSSELL: “é costume
sentir-se a gente chocada por ele, e não há dúvida de que, às vezes,
êle é realmente chocante. Mas muitos outros homens também o
seriam, se fôssem igualmente livres de hipocrisia” (RUSSELL, 1967, p. 20). Maquiavel
foi compreendido como alguém imoral e desprovido de quaisquer
valores. Por isso a perspectiva do termo “maquiavélico” é sempre
pejorativa. Mas, seria Maquiavel digno desta fama? O que ele pretendia?
Vamos por partes.
Maquiavel choca por fazer uma análise do homem considerando
a partir de uma de suas facetas, a do egoísmo. Se para Aristóteles e
para o pensamento greco-cristão no geral o homem buscava a vida em
sociedade, o bem viver como algo natural, para Maquiavel “os homens
tendem /.../ à divisão e à desunião.” (PINZANI, 2004, p. 19)
Maquiavel era um homem do seu tempo, do Renascimento. Homem
de idéias políticas, ele procurou entender a natureza e os limites do poder
político. Maquiavel contemplou uma realidade; a realidade da sua
Itália, dividida, fragmentada em diversos principados e ducados. Numa
constante briga pelo poder e, inevitavelmente alternâncias constantes
dos governantes, a Florença de Maquiavel refletia o que ocorria também
com as demais cidades italianas importantes do período. Para ele
não se apresentava logicamente o ideal cristão, mas sim algo que lhe
seria entendido como próprio do homem, a luta pelo poder. Por isso,
os homens mentiam, matavam e julgavam-se acima da moral.
Contudo, Maquiavel considera a necessidade de governantes bons
e virtuosos. Para ele a diferença está em que a bondade e a virtude
não pertencem à natureza humana do governante, mas sim resultam
da sua compreensão e atuação sobre o real. Sem preocupar-se em desenvolver
teorias, como fizeram outros pensadores, Maquiavel avalia
a realidade e “interpreta os seus escritos como compêndios de conselhos
práticos e de instruções para a ação.” (PINZANI, 2004, p. 16) Por isso, “influenciar
a realidade, e não desenvolver teorias é o seu propósito.” (PINZANI,
2004, p. 16)
Ao contrário dos manuais que indicavam como devia agir um soberano,
obras comuns na idade Média e no Renascimento, o verdadeiro
propósito de sua obra O Príncipe é a exortação para se tomar a Itália e
libertá-la das mãos dos bárbaros, como pode ser constatado no capítulo
final da mesma:
Detectando a tensão entre o desejo de dominar e de não ser dominado
que move o homem, Maquiavel constrói em sua obra uma reflexão
sobre o poder. O poder é entendido portanto, “como correlação
de forças, fundada no antagonismo que se estabelece em função dos
desejos de comando e opressão, por um lado, e liberdade, por outro,
pelos quais se formam as relações sociais.” (SCHLESENER, 1989, p. 2) Estas relações
implicam tanto na questão política como na econômica. De acordo
com LEFORT (1979),
O objeto de Maquiavel não é a técnica do poder mais do que a do comércio.
Podemos certamente dizer que sua questão recai essencialmente
sobre a política, mas com a condição de entender este termo em sua mais
ampla acepção, isto é, clássica. É a questão da forma das relações sociais
que ele coloca através da divisão grandes-povo. A reflexão sobre o poder está
no centro de sua obra, mas pela razão de que, a seus olhos, a sorte da divisão
social se decide em função do modo de divisão do poder e da sociedade
civil e que assim se determinam as condições gerais dos diversos tipos
de sociedade. (LEFORT, 1979, p. 144)
de bate
A Itália fragmentada no Renascimento.
<
< www.klepsidra.net
182 Filosofia Política
Ensino Médio
Ética e Política
Ao apresentar seus argumentos, Maquiavel busca demonstrar como
seria possível o estabelecimento deste Estado Italiano, a partir de
um governante forte e de um governo efetivo. Secretário da Segunda
Chancelaria de Florença, cargo que recebeu em 1498, Maquiavel foi
empossado num governo republicano que foi deposto em 1512 pela
monarquia dos Médicis. Considerado traidor em 1513, foi afastado de
suas funções públicas e exilado em San Casciano, região próxima de
Florença. Neste período escreveu O Príncipe, provavelmente sua obra
mais popular e, provavelmente, a mais complexa.
Quando escreveu O Príncipe, Maquiavel interrompeu temporariamente
outra obra, intitulada os Comentários sobre a Primeira Década
de Tito Lívio, sua obra republicana. O que parece claro dos escritos de
Maquiavel é que ele busca uma solução política para a sua Itália. Por isso,
endereça O Príncipe ao magnífico Lorenzo, filho de Piero de Médicis,
governante de Florença. Maquiavel sugere ao monarca que ele pode
ser o príncipe que unificaria a Itália. Na obra, Maquiavel fornece praticamente
as diretrizes seguras para que isto se realize. É dentro disto que
discute e estabelece uma nova relação entre ética e política. Como nos
esclarece WEFFORT, “a política tem uma ética e uma lógica próprias.
Maquiavel descortina um horizonte para se pensar e fazer política que
não se enquadra no tradicional moralismo piedoso.” (WEFFORT, 1989, p. 21)
Ao fazer a análise da realidade, Maquiavel distingue a moral individual
da moral política. A atitude do indivíduo não é necessariamente
a atitude do chefe de Estado. Se para um indivíduo a ação moral é
de decisão particular, para o monarca, por exemplo, é necessário pesar
em que isto implicará para o Estado. Não há uma exclusão entre ética
e política, mas a primeira deve ser entendida a partir da segunda. Uma
das implicações disto é a de que “os valores morais só possuem sentido
a partir da vida social, apresentando-se como momentos de uma
luta que está na raiz do poder e lhe dá sentido” (SCHLESENER, 1989, p. 10).
Com isto Maquiavel está afirmando que temos virtudes que podem arruinar
um Estado e vícios que podem salvá-lo o que, na análise moral
tradicional seria condenável, mas na “ética política” poderia ser plenamente
aceitável. Logicamente tais questões dependeriam das circunstâncias
e das forças em luta (SCHLESENER, 1989, p. 10). Por isso, o que pode parecer
inadmissível, para Maquiavel faz parte da política:
De onde se deve observar que, ao tomar um Estado, o conquistador
deve praticar todas as necessárias crueldades ao mesmo tempo, evitando
ter de repetílas a cada dia; assim tranqüilizará o povo, sem fazer inovações,
seduzindo-o depois com benefícios. Quem agir diferentemente, por timidez
ou maus conselhos, estará obrigado a estar sempre de arma em punho,
e nunca poderá confiar em seus súditos que, devido às contínuas injúrias,
não terão confiança no governante. (MAQUIAVEL, 2005, p. 69)
A Política em Maquiavel 183
Filosofia
Podemos perceber em Maquiavel a proposta de uma nova ética,
com um novo conceito de virtude, voltada mais para a política e não
para o ideal moral do pensamento medieval. É uma moral prática, que
olha para o bem do Estado e se apresenta inversa à perspectiva tradicional.
Por isso, voltando à questão da virtude que pode ser “prejudicial”
e do vício que pode ser “bom”, podemos compreender que uma
generosidade excessiva, por exemplo, poderia levar o Príncipe à ruína
financeira e os súditos a sentirem-se oprimidos, o que suscitaria o ódio.
Por outro lado, a sobriedade, que seria identificável com a avareza, tornando
a figura do Príncipe antipática, possibilitaria gestos de grandeza
e prodigalidade que, com certeza, seriam reconhecidos pelos súditos
sem que estes se sentissem oprimidos e tão pouco descontentes.
Por isso, para Maquiavel, há uma distinção entre os espaços da moral
e da política. Isto não significa que se pode “fazer o que se quer”,
de qualquer modo, sem sentido algum. A máxima segundo a qual “os
fins justificam os meios” tem uma implicação muito mais coerente e
profunda. Ser acusado de crueldade não deve ser o temor do Príncipe,
desde que tal atitude seja necessária para unificar o povo e manter
a paz.
Reunidos em grupo, discuta:
1. O que é a virtude? Que conceito você tem do que seja a virtude? Seus colegas concordam com você?
Alguém apresentou um conceito diferente? Há alguma relação com a moral? Explique.
2. Alguém do grupo será responsável por apresentar a conclusão para a sala, para que se possa estabelecer
os pontos comuns e os divergentes entre os grupos.
As regras para o debate encontram-se na introdução deste livro.
Virtù e Fortuna
Maquiavel tem uma visão do homem de como ele é e não de como
deveria ser necessariamente. Para ele, certamente, devemos olhar
para o real e não para o ideal moral. Por isso Maquiavel trata da questão
da virtù e da fortuna.
A virtù refere-se à capacidade de decidir diante de determinada situação,
cuja necessidade deve-se à fortuna. O agir pressupõe a compreensão
da natureza humana, assim entendida por Maquiavel: os homens
buscam quem lhes proporcione vantagens, melhorias. Atribuem
este papel e responsabilidade ao governante. Esclarece num trecho
da obra que “os homens mudam de governantes com grande facilidade,
esperando sempre uma melhoria”. (MAQUIAVEL, 2005, p. 32) O que importa,
para os homens na sua maioria, são os benefícios e acreditar que é
Comentários
Postar um comentário